segunda-feira, 30 de julho de 2007

TRAGÉDIA AÉREA

Em referência ao desastre ocorrido no Aeroporto de Congonhas/São Paulo,
às 18h50min, do dia 17/07/2007

Pessoas seguindo as trajetórias, as imposições, as exigências da conturbada vida cotidiana moderna. Pressa, necessidade de alargar o pouco tempo que se tem para cumprir tantas tarefas, para se viver, talvez, uma semana em um dia e, para ser realmente um ser humano, já não ficam muitas chances. A escassez da qualidade de vida é que vai se expandindo mais e mais.

O romantismo, a paciência, a calma de outrora vão se extinguindo tal qual água que o sol evapora. Há que se produzir, os negócios têm que ser cada vez mais lucrativos e as possibilidades de externar amor, carinho, docilidade, as parcelas mais nobres da humanidade vão tendo menor vazão. O histórico pessoal de produção, de feitos profissionais, de aquisições materiais precisa estar em alta, não importa o decrescimento da qualidade e da sentimentalidade na existência de cada um.

Jogados, portanto, nesse mar de sonhos que ficam irrealizados, no afã de tentar tocar o céu, muitos, em muitas épocas acabam por irem mais brevemente ao encontro das estrelas. Desejos que não se concretizaram, tarefas que não foram executadas, idéias por acontecer, lucros, desvantagens, pavores, sentimentos nobres desvanecem ou realmente nem acontecem.

Autoridades incompetentes, esculhambação política generalizada, crescimento populacional, inclusive de público que utiliza os serviços aéreos, ambição desenfreada vinda de algumas partes, oportunidades distantes, frenéticas e urgentes. Este novo milênio é assim = a vida tem que acontecer, mesmo para quem não está treinado; o mundo tem que ser dominado, não importando se cada vez mais o ser humano vier a perder-se de si próprio.

É preciso que, àqueles que perderam entes queridos nesta tragédia, sejam dados alívio e conforto, mas jamais podemos pedir que eles tenham conformação. Aliás, a população em geral não tem que ter conformação. Todos os dias somos assaltados, desrespeitados, ultrajados, vítimas de cargas tributárias absurdas, de desconsideração aos nossos mais nobres direitos enquanto cidadãos. Enchem-se as cidades, os shoppings, os aeroportos, as rodoviárias, as igrejas e a dignidade humana, em contrapartida, está cada vez mais vazia.

Em nome dos que se foram, do horror de corpos carbonizados, esfacelados e de tantas famílias, repentinamente, dilaceradas, mergulhadas na dor, em um sofrimento brutal, no empobrecimento de um povo que perde pessoas importantes ao seu desenvolvimento, às almas despedaçadas, é urgente um Basta!

Para que se salve o que nos resta das nossas esperanças, para que nossos investimentos pela ordem, pela concórdia, pela paz e pela evolução não se explodam e virem ruínas, há que se construir uma nova mentalidade nacional. Não podemos mais aceitar de cabeças baixas todas essas misérias que nos são oferecidas, em um total descaso com nossa coragem, nossa vontade e nossa certeza de que é possível, sim, fazermos e recebermos uma Outra Realidade.

Que tantas mortes sejam novas sementes para que, desde já, a história que escrevemos e contamos, seja de abundância, prosperidade e vida digna. Que já, a partir de agora, esteja sendo assim!

(Por Carla Schuch)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

DISPARO DE TROPA

César Sanchez canta Hugo Ramírez

segunda-feira, 30 de abril de 2007

OCORRE UM GRANDE DISPARO NO RIO GRANDE DO SUL

Na vasta gama de trabalhos que vêm marcando o cenário fonográfico gaúcho, este 1º semestre de 2007 é premiado com mais uma obra de cunho completamente comprometido com a perpetuação da história, da tradição e da garra que sempre marcaram esta terra e este povo. É isto mesmo: eis que surge o CD DISPARO DE TROPA – César Sanchez canta Hugo Ramírez; são quatorze temas, com letras de fundamento e melodias que levam ao sonho, à reflexão e à elevação daqueles fatores que nos distinguem, como a coragem, a bravura, o sentimento e o grande senso de humanidade.

Na lida de campo, quando se fala que houve um disparo de tropa, quer dizer que os animais se dispersaram, que debandaram. Mas neste âmbito cultural e artístico, o Disparo (do CD) é inverso à definição do campeiro. O Disparo, que surge em letras e músicas, é pródigo em aglutinação, reunião, aproximação e agregação. Isto é o que se precisa, não só nesta amada Pátria sul-riograndense, mas a nível mundial.

Do trabalho, podem-se extrair versos bem ritmados, que dizem “se o passado é nossa origem, é o futuro um alvo novo” e “cultivar a nostalgia é extraviar a vida e o povo”. Há desafio e há promessa em tais predições. Sempre, então, com os pés firmados no momento atual, lutamos para que o alvo novo seja melhor e mais feliz.

O Rio Grande do Sul assiste a ocorrência de um grande Disparo – Disparo de Tropa – que vem no embalo do vento, que cheira à flor de encosta de morro, que tem frescor de brisa mansa e aonde circula seiva de amor e vida.

Carla Schuch
APRESENTAÇÃO DISPARO DE TROPA

Quando o sotaque do pampa ecoa tempo adentro e vida afora, as asas do gauchismo abrem-se nesse vôo telúrico, levando a alma da nossa gente além das dimensões do rincão. Gaúchos são homens de horizontes largos, de olhares longos e sentimentos puros, que ganham os ares sem tirar os pés do chão.

Nesta obra, Disparo de Tropa, encontramos o sotaque do pampa pleno de lonjuras e histórias, de lidas e vidas, feito um mosaico que em seu conjunto forma o que entendemos por nosso, o que trazemos no sangue e na identidade. Entre chimangos e maragatos, erguendo a nossa bandeira pampeana, o canto do gaúcho toma conta de nossa alma, seja num canto amargo, num floreio da gaita campeira ou num ponteio da viola xucra, seja no bolicho, na estância, ou ternamente nos olhos da China Flor, com o sotaque do pampa transbordando à flor da pele desses versos puros, feitos por poeta de mão cheia, ofertando sua essência mais cristalina na voz vibrante e imponente desse cantador itaquiense, que ganhou o mundo e a minha mais fraterna amizade com seu jeito simples e seu talento ímpar.

O sotaque do pampa afina no tom de todos os ventos, soprando com toda sua força na arte e na voz de César Sanchez, que faz navegar em suas melodias os versos ricos e maduros de Hugo Ramírez. A hora é esta! Cevem o mate e a alma e assimilem, no decorrer dessa jornada pelos cantos e recantos da nossa cultura regional, quanta poesia e sensibilidade pode haver num Disparo de Tropa!

Carlos Omar Villela Gomes